Nenhum dos 11 detentos que dividiam a cela com Vandenilson Pereira Santos, 32 anos, acusado de estupro, assumiu a culpa pelos espancamentos que causaram a sua morte na carceragem do Complexo Policial de Itapetinga, a 560 km de Salvador, na noite desta sexta-feira, 7. Além de cortes pelo corpo, a vítima, que estava presa há menos de 24 horas, teve fraturas múltiplas nas costelas.
Os outros presos que escutaram gritos disseram aos policiais que, desde a chegada, Santos passou a sofrer ameaças de morte por parte dos colegas de cela, assim que souberam da acusação contra Valdenilson. Logo na manhã de sexta-feira, os presos demonstravam inquietação e muitos já haviam espancado a vítima.
As agressões se seguiram durante o dia e só cessaram no começo da noite, quando Santos caiu desfalecido. Funcionário de uma autarquia e estudante secundarista, o jovem morreu em consequência de cortes provocados por objeto ainda não identificado, hemorragia interna e perfurações nos órgãos genitais.
A prisão do acusado ocorreu após apresentação de queixa por parte de uma mulher de 22 anos, que acionou a Polícia Militar por volta das 23 horas de quinta. Segundo a suposta vítima de estupro, ela estava na Avenida Flamengo, Bairro Primavera, quando foi agarrada pelo pescoço por Valdenilson.
Ainda em relato aos policiais, afirmou que o suposto agressor levou-o para um beco nas proximidades da Avenida e praticou o estupro. No boletim de ocorrência, a mulher sustenta que foi forçada a manter relações sexuais com o rapaz. “Após ser estuprada, eu fugi e saí gritando pelas ruas”, relatou.
Alertados pelos gritos, os moradores também acionaram a polícia. O rapaz foi preso meia hora depois na Rua Hélio Costa, bairro Clodoaldo Costa, e conduzido ao Complexo Policial de Itapetinga, onde permaneceu custodiado até ser morto.
A versão apresentada pela mulher chegou a ser contestada por testemunhas. Alguns afirmaram aos policiais que o ato teve o consentimento da acusada, porém a mesma teria se irritado porque o rapaz recusou-se a pagar um determinado valor a ela. “Ela, para se vingar, chamou a polícia”, depôs uma testemunha.
O caso está sendo apurado pelo delegado, Leonardo Rabelo. Segundo ele, a autoria do crime de morte já está definida. Rabelo não descarta intimar a acusadora para prestar depoimento na próxima semana, assim como apurar eventual omissão de socorro dos policiais plantonistas no dia do homicídio.
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