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Tradição junina perde espaço e indústria de entretenimento avança no interior

sábado, 1 de maio de 2010


Depois da substituição dos coretos por grandes palcos, o São João na Bahia vive nova fase de mudanças. A indústria do entretenimento descobriu a festa que atrai para o interior 960 mil pessoas de Salvador, de outros estados e até de outros países. A tradição da fogueira, do licor e do forró com sanfona e zabumba está perdendo cada vez mais espaço para as festas de camisa, camarotes e megaespetáculos, com a presença de artistas da axé music. Nas cidades de Amargosa, Cruz das Almas e Senhor do Bonfim, a festa atrai patrocínios de cervejarias, operadoras de telefonia, montadoras de automóveis e redes varejistas. Os empresários não divulgam o volume de negócios gerados pela festa, mas a realidade fala por si.

Uma boa analogia do processo é a história do São João em Senhor do Bonfim, um dos maiores da Bahia, ao lado da festa em Cruz das Almas e Amargosa. “A festa começou na década de 30, quando a população se reuniu para construir um coreto na praça”, conta o fotógrafo Monaceis Santos, que reúne em um acervo de imagens a história da cidade a 384 km de Salvador. “O sanfoneiro tocava o baião para seis casais, que dançavam em torno do coreto”, lembra.

Depois saíam pela cidade com milho, farofa e bebidas, puxando, de casa em casa, quem não tinha ido ainda para a festa. Na década de 70, a prefeitura tira a festa do coreto e coloca em um palco, patrocinado por ela, lembra Santos. “O que era apenas uma manifestação da cultura popular começa a se modificar por conta de interesses econômicos aí”, diz ele.

“Para nós, o São João é um evento que está dentro do contexto de entretenimento”, diz o sócio da Ner Entretenimento, Nei Hávila, que faz a produção da banda Asa de Águia, uma das primeiras bandas de axé a investir nas festas juninas. São 10 anos no forró do Piu-Piu, em Amargosa. “Enquanto negócio, não existe diferença em operar um empreendimento pop, o carnaval ou São João”, diz.

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