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Fonte Nova é implodida em Salvador

domingo, 29 de agosto de 2010



Durou cerca de dez segundos a implosão da Fonte Nova neste domingo, 29, em Salvador. Por volta das 10h26, o anel superior do estádio foi ao chão, cobrindo todo o lugar com uma nuvem de fumaça. No local será construída a Arena Fonte Nova, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, com capacidade para abrigar 50.433 pessoas e cerca de 2 mil vagas de estacionamento, além de restaurantes, área de show e 70 camarotes. Logo após a implosão, o gestor da Secretaria Extraordinária para Assuntos da Copa (Secopa), Ney Campelo, entregou uma carta de intenção da Bahia de sediar a abertura do Mundial para o ministro de Esportes, Orlando Silva, que assumiu o compromisso de entregar o documento para representantes da Fifa.

"É um bom sinal que a Bahia tenha esse interesse, vou transmitir pessoalmente a intenção da Bahia para a Fifa, mas quem decide é a Fifa", disse Orlando Silva, ao mesmo tempo em que elogiou a rede hoteleira e o aeroporto de Salvador. O ministro também elogiou a agilidade e competência do Estado na demolição da Fonte Nova, afirmando que a imagem da implosão vai ter repercussão internacional, "mostrando que o Brasil está avançando na preparação para 2014". Já o secretário Ney Campelo garantiu que, independentemente da abertura, a Bahia vai se preparar para ter uma boa participação no Mundial.
Implosão - O tempo de implosão foi marcado por aplausos e gritos de euforia das cerca de cinco mil pessoas que assistiam à demolição. Após a Fonte Nova cair, os torcedores do Esporte Clube Bahia deixaram o local ao som de cantorias em referência ao time.

Marcada para as 10h, a derrubada da Fonte atrasou alguns minutos, porque um idoso se recusou a sair de casa e um homem invadiu a área de segurança para tirar fotos. No Dique do Tororó, muitas pessoas se aglomeraram para acompanhar o grande evento do domingo baiano.

As cores azul e vermelha foram as mais presentes no local, e muitas pessoas nas varandas dos apartamentos e casas em áreas que não foram evacuadas, fizeram vigília para aguardar a implosão. Placas registraram o momento com frases como "O país do futebol nasceu aqui - Bahia abre a Copa Fonte Nova".


Últimos momentos - Muitos dos curiosos que estavam no local aproveitaram para tirar as últimas fotos do estádio, registrando os momentos que antecederam o procedimento para destruição da Fonte Nova.

O ex-jogador Diógenes de Souza, de 73 anos, fo ao local para tentar reencontrar ex-colegas. Ele levou a carteira de atleta, mostrando os times em que já jogou: Bahia, Galícia e Leônico. No Bahia, o ex-atleta atuou de 1963 a 1965 na posição de volante e era conhecido como Repolho.

O ex-centroavante do Vitória, José Júnior, conhecidocomo Zé Júnior nas décadas de 70 e 80, também foi assistir ao evento. "É triste e alegre. Alegre, porque vai construir uma nova arena, mas triste porque é um pedaço seu implodindo, mas eu vi cair e vou ver renascer", conta.

O químico Vinícius Neves, de 29 anos, passou pela Fonte Nova durante todos os dias da última semana. Neves, que é tricolor, resolveu ir até a Fonte Nova nesta manhã para fotografar o lugar. Ele estava no jogo em que aconteceu o acidente na arquibancada do estádio, que matou sete pessoas, e se disse favorável à implosão.

Evacuação - A evacuação dos moradores de áreas próximas ao estádio começou na noite deste sábado e neste domingo, a partir das 7h. Os moradores foram levados a um Centro de Convivência, no Colégio Central, com capacidade para 2.500 pessoas. O local foi equipado com mesa de sinuca, dominó, totó, música, filme, lanches, palhaço, pula-pula, brinquedos para crianças e exibição de filme, além de banheiros. A dona de casa Maria Secundarista, que foi levada ao local, elogiou a estrutura oferecida pelo Consórcio Arena Salvador 2014.

Camilo Navegantes, agente de turismo, passou a manhã no centro de convivência com os pais, a noiva e dois sobrinhos. Ele também elogiou a estrutura do lugar, mas ponderou que não concorda com a demolição. Segundo ele, é "uma tristeza" acabar com o estádio, que considera um marco. Ele, que sempre morou em Nazaré, ressaltou ter acompanhado diversos jogos no estádio.

Alguns moradores enfrentaram problemas antes de entrar no centro de convivência. A administradora Marta Souza, moradora da Rua da Poeira, não conseguiu pegar a pulseirinha de acesso ao colégio Central no trajeto até lá. "Tiram a gente do apartamento, botam no ônibus e não botam a pulseira", reclamou. Outra reclamação partiu de pessoas em situação de rua, como Ednalva Santana, que afirmou não foi abordada por funcionários públicos para orientar sobre a evacuação.

A assistente social Danyele Tiano, de 29 anos, funcionária do Consórcio Arena Salvador 2014, afirmou que 29 pessoas com necessidades especiais foram retiradas pelo grupo e levadas ao Hotel Sol Vitória Marina, no Corredor da Vitória, onde outra estrutura também havia sido montada.

Aqueles que não quiseram ir para o hotel foram levados à casa de parentes. Segundo Danyele, algumas pessoas foram acompanhadas por técnicos de enfermagem.

Os imóveis do Jardim Baiano, Brotas e Nazaré já foram liberados para os moradores, apenas as áreas da Ladeira da Fonte Nova e Vila Santos de Baixo continuam interditadas.

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